Para que vocês possam entender e apreciar a fanfic da melhor forma
possível, recomendo que cliquem nos megafones:
,
e escutem as trilhas sonoras, pois muitas delas serão "tocadas" na
fanfic, conforme o desenrolar da história. Boa leitura.
por
Willen Leolatto Carneiro
[/hr]
Eram tantos livros, tantas prateleiras, que mal se podia ver o sol por
causa da escuridão gerada pelas cortinas esfarrapadas, que cobriam as
janelas e impediam de se encontrar um título específico. Mas não era
isso que o homem de manto negro buscava naquela manhã quente. Havia
passado a noite em um pequeno quarto de hóspedes do castelo, e logo ao
lado havia a sala repleta de livros e estantes empoeiradas.
O clima estava ameno depois da noite tempestuosa que passou. Mesmo
usando uma grossa capa escura e trajando vestes largas, não estava
quente para aquele homem que outrora estava no meio de uma tempestade.
Sua feição era de seriedade enquanto passava a mão por cima dos balcões
empoeirados, sentindo o cheiro de mofo que o tempo e o clima deixaram se
proliferar.
Seus olhos percorriam as capas dos livros que eram cobertas por poeira, e
outros estavam gastos e velhos, perdendo a cor e desfiando pouco a
pouco. Os olhos esverdeados pairaram sobre um livro de capa preta, na
parte mais alta da prateleira. Aquela estante era muito mais alta que o
homem, mas ele conseguiu alcançar o livro apenas esticando seu braço,
deixando revelar suas mangas vermelhas por baixo da capa.
Pegou o livro de capa de couro, escurecido e arranhado. Soprou então a
capa para retirar o pó e ler o título, gravado a fogo no couro e tingido
de um vermelho escurecido.
- “
Compendium Alica - Tempus Nigrum” – A voz
grave dele resoou ao pronunciar o nome do livro. Seus olhos brilhavam de
uma maneira fascinada, mas havia tristeza no fundo. As mechas
acinzentadas que recaiam cobrindo parte da face tocaram de leve as suas
pontas no livro, empoeirando-se um pouco.
Lentamente, se afastou da estante e sentou-se em uma cadeira, próxima à
parede onde havia também uma mesa de madeira com uma toalha por cima.
Estava marrom de tanta sujeira, mas o homem não se importou de sentar e
colocar o livro sobre ela. Abriu-o e começou a folhar, lentamente,
buscando algo em suas palavras antigas.
Quatroze Anos Atrás...-
Querido. Não precisa fica impaciente, ela deve ter
achado alguma coisa. – A voz melodiosa da morena trazia uma
tranquilidade imensa para o homem alto de cabelos prateados.
-
Eu sei Melody. Mas faz anos que não a vemos, então
talvez tenha mais do que informações. – Tenkisei falava em um
tom mais sério, embora sua face esboçasse um sorriso para sua esposa.
Depois de passarem pela fervorosa multidão de Prontera, os dois seguiram
rumo para o norte, indo até o majestoso castelo real de Prontera. No
caminho, poucas pessoas tumultuavam o caminho, perto de uma pequena
praça que continha uma estátua, desenhada na forma de duas mãos se
apertando. A Estátua da Amizade, que figurava o centro da chamada “Praça
das Mãos”, era o ponto de encontro de muitos aventureiros e amigos
desde que ela foi construída.
Passando pela praça, Melody abraça o braço direito de Tenkisei e sorri
para o músico, que retribui de forma carinhosa com um largo sorriso e
uma carícia no rosto. Quem passava por eles reconhecia-os pelas
performances feitas em outras cidades, inclusive o duelo entre o maestro
e o menestrel Johann Klaustrus, há pouco tempo.
Saindo da rua principal, o casal ficou à frente de um portal de entrada
que dava na ponte do castelo. Havia um guarda ao lado da entrada e ficou
encarando Tenkisei, admirado, enquanto os dois avançavam para a ponte. A
entrada do castelo era imponente, magnífica, talhada nas pedras claras
que davam um ar antigo, mas muito refinado à construção. O casal andou
até atravessarem o primeiro salão, e então subiram um lance de escadas
cobertas por um tapete vermelho com bordados amarelos.
Um som suave de piano começou a ecoar, conforme eles subiam a escadaria.
Era um som doce, fino e bem trabalhado. Ao ouvir a música, Tenkisei
olhou para Melody, que respondeu com uma feição animada.
-
Nada mal. Ela está evoluindo muito. – O músico
acelerou o passo e subiu as escadarias mais rapidamente, com a musa logo
atrás.
-
Afinal, você o professor dela, Tenki. – Melody falou com um largo sorriso.
Os dois subiram até o segundo nível e chegaram a uma sala repleta de
estantes, atulhada de livros. Estavam limpos, conservados e muito bem
organizados, divididos com vários pedaços de papel que notificavam a
natureza do conteúdo. Embora o local fosse bem decorado, com mesas
cobertas de tecidos caros e as paredes de mármore, não havia ninguém
ali. O som vinha de uma antessala, atrás de algumas cortinas de veludo
vermelho que escondiam a passagem. Tenkisei olhou para sua esposa, que
assentiu positivamente. Eles puxaram a cortina devagar e então entraram
na antessala.
Ao chegar ao local, se depararam com uma jovem sentada à frente de um
enorme instrumento preto, alongado e com várias teclas brancas e pretas.
As notas daquele piano ressoavam conforme a jovem tocava rapidamente as
teclas, mesclando as notas graves para formar a base, as várias notas
mais agudas tocadas singularmente para formar uma sequencia de sons.
A jovem de cabelos longos, enquanto tocava o piano, balançava suavemente
sua cabeça conforme as notas que tocava. Seu corpo, trajando um vestido
longo e negro, exibia sua bela silhueta até a cintura, onde começava a
barra da grande volumosa saia. Tenkisei e Melody olhavam encantados
para a garota, embora a musa mantivesse um olhar um pouco mais
cuidadoso.
-
Então vieram fazer uma visita? – A garota falava ainda concentrada na música em seu piano.
O casal se manteve em silêncio profundo, apenas escutando a melodia das
notas que a jovem produzia. Mesmo ela, concentrada na música, parecia
exalar uma excitação por conta da melodia. Notas suaves, em escalas
menores, criando uma melodia mais dramática e lenta que davam a
impressão de que havia mais do que simples partituras lidas para
executar aquela melodia. Paixão, drama, sentimentos que eram colocados
enquanto a música chegava ao seu final.
A bela jovem diminuiu o ritmo das notas e também a sua tonicidade,
indicando o final da música. Tocou um último acorde e então fez uma
pausa, esperando até que o último resquício de onda sonora estivesse
parado de vibrar, e então suspirou. Tenkisei e Melody aplaudiram
levemente para a garota.
-
Nada mal, minha cara aluna. – Tenkisei sorria
para ela. A jovem se virou, mostrando seu rosto jovial e feliz, e então
se levantou. Segurou em sua saia e fez uma reverência cordial para
ambos.
-
Gostou Tenki? – Ela perguntou, andando na direção dos dois.
-
Claro que gostei. Sabe como a música, executada de
forma correta, me preenche de alegria. – Respondeu ele, sincero.
A garota correu e se jogou nos braços do maestro. Ela era um pouco menor
que Melody, fazendo-a parecer uma criança perto de Tenkisei, que
avermelhou e ficou sem reação. Melody olhou com uma face desacreditada e
bufou.
-
Elizabeth! – Ela segurou o ar nas bochechas,
ficando mais vermelha que seu marido. A jovem virou o rosto e mostrou a
língua para ela.
-
Calma priminha, eu sei que você sente ciúmes de mim com
o lindo do Tenkisei. – Elizabeth ergueu a mão e passou-a no
rosto do músico, provocando a garota.
-
Er... que é isso, não precisa fazer assim... – Tenkisei estava sem jeito.
-
Eu to só brincando, Mel. – A garota se afastou
de Tenkisei e abraçou Melody, que ainda bufava. –
Você
sabe o que sinto, mas você chegou primeiro.
-
Não tem graça nenhuma... – Melody abraçou sua
prima, ainda um pouco irritada, mas o fez de forma carinhosa.
As duas se soltaram, enquanto que Tenkisei ria baixo, pensando no
constrangimento dos três. Por fim, tirou a capa de seu instrumento das
costas e colocou apoiado na mesa. Pegou uma cadeira e se sentou próximo
das duas.
-
Então, Elizabeth, como vai sua vida de investigadora? – O maestro falava tranquilo.
A jovem suspirou, puxou duas cadeiras para perto de Tenkisei e ofereceu o
lugar para Melody. Quando ela havia se sentado ao lado de seu marido,
Elizabeth sentou a frente dos dois, encarando-os.
-
Ah!
A vida de investigadora do
reino é uma porcaria. – Disse, em um desabafo. –
Ta, eu viajo muito, conheço lugares fantásticos, mas não é
sempre mil maravilhas.
-
Você nunca quis ser algo sério, Eliza. – Melody falou provocando um pouco.
-
E você me inveja por eu ter seguido o caminho de
Desordeira. – A jovem mostrou a língua de novo, mas as duas
pararam de se provocar quando Tenkisei pigarreou.
-
Bem, Eliza. Eu vim na verdade por outros motivos.
-
Veio dizer que me ama e que não quer mais a minha
priminha? – Ela falou enquanto olhava para Melody, com um
sorriso de escárnio.
-
Hey! – Exclamou a musa.
-
Não!
Eu vim aqui por que preciso
de certas informações. – Tenkisei suspirou e ficou olhando para
Elizabeth.
A jovem parou de sorrir e olhou séria para ele. Trocaram olhares por um tempo, e por fim ela assentiu.
-
Bem, o que posso fazer por vocês?
O maestro levantou a mão e puxou a manga de sua camisa para trás,
mostrando o antebraço nu para a jovem. Melody ficou tensa, e Elizabeth
se sentiu assim depois de ver uma estranha marca pouco abaixo do pulso
de Tenkisei. Era uma mancha negra, um símbolo que parecia ter sido
marcado à fogo na pele dele.
-
Por Odin, o que aconteceu? – A jovem se aproximou para ver melhor.
-
Apareceu tem alguns dias. Não consegui achar referência
em nenhum livro, inclusive sobre... – O músico fez uma pausa e
suspirou.
-
Entendo. – A jovem olhava para a marca no braço
de Tenkisei, enquanto Melody encarava seu marido, preocupada. –
Você acha que pode ser...-
Um feitiço?
Eu conheço essas
coisas, mas não é um. Isso é algo muito mais forte. – Ele falava
sereno, mas com um tom mais sério.
-
Vou procurar aqui... – Elizabeth se levantou e
foi até suas estantes com montanhas de livros atulhados e começou a
procurar por um. Melody abraçou o braço de Tenkisei e apoiou sua cabeça
no ombro dele, preocupada. Porém, o músico sorriu e ficou afagando a
cabeça dela, carinhosamente. Embora ele tentasse tranquilizar sua amada e
procurasse a ajuda de uma investigadora, ele sabia o que o esperava...
Geffen...-
Muito bem meus caros alunos, tenham um bom dia!
Na torre de Geffen, no mais alto andar, um homem estava atrás de sua
mesa, em uma sala lotada de vários alunos em suas carteiras. O local era
enorme. Em sua base no centro da sala estava a mesa do professor, a
lousa na parede atrás dele e alguns objetos bonecos similares aos
humanos, pendurados em pedestais próximos da porta de saída. A frente
da mesa do professor, começavam as mesas dos alunos, sendo uma fileira
por degrau, que dava a forma de uma arquibancada à sala de aula.
O professor, um homem alto e trajado apenas com um terno um tanto quanto
antiquado, observava os vários alunos descendo por uma escadaria que
dava acesso às fileiras de carteiras. Seus olhos amarelados lhe davam
um aspecto diferente, apesar de parecer um pouco jovem para lecionar.
-
Até mais professor Dhellor! – Algumas passavam
por ele, enquanto arrumava seus papéis em sua mesa. Ele apenas acenava
com a cabeça e sorria, voltando ao trabalho. –
Tchau
professor! – Alguns jovens aprendizes de mágicos também passavam
correndo por ele, porém, um deles foi direto à sua mesa, ficando à
frente.
-
A aula já acabou, pode ir para... – O professor
não estava olhando, mas quando ergueu a cabeça e se deparou com seu
aluno, ficou sério. –
Ravnus?
-
Desculpa lhe interromper, professor Alberich. –
O jovem tinha cabelos levemente esbranquiçados, usava óculos de armação
redonda e tinha uma feição cansada.
-
Ora, o que deseja meu caro Ravnus? – Alberich
deixou os papéis em cima da mesa e foi até o garoto, ao seu lado.
-
Professor, eu me sinto estranho sabe, tem acontecido
umas coisas estranhas comigo... – O jovem falava olhando para o
chão. Alberich sorriu meio sem jeito e se escorou na mesa.
-
É normal meu jovem. Mas não acha que isso é assunto para seus pais?
-
Não é isso professor... – Ele esticou o braço e
puxou a manga da camisa. –
Olha...O professor ficou estranhando a conversa de seu aluno, mas ao ver o
braço dele ficou inquieto. Havia uma enorme marca, um símbolo grande e
negro desenhado na pele do jovem, tomando conta de quase todo o
antebraço dele.
-
Isso...isso é..-
Professor Dhellor! – Uma voz ecoou atrás dos
dois, vindo da porta. Havia um homem alto, de cabelos loiros muito
claros e olhos azuis brilhantes. Escorado na entrada da sala, o homem
olhava para os dois com um ar superior.
-
Er... Diretor Lavey! – Alberich fez um aceno
forçado com a cabeça, levado pelo susto da presença daquele homem,
cobrindo o braço de Ravnus rapidamente. Lavey deixou a entrada e foi na
direção dos dois lentamente. O que mais chamava a atenção no diretor,
além do ar de superioridade e os olhos azuis estranhamente brilhantes,
era o fato de ter orelhas pontudas e finas. –
O que o
senhor está fazendo aqui?
-
Vistoria apenas. – Ele se aproximou e estendeu
a mão para Ravnus, que cumprimentou tímido. Virou-se para cumprimentar
Alberich, mas fixou seu olhar no braço do jovem Ravnus, onde o professor
havia mexido rapidamente antes do diretor se aproximar. Alberich
rapidamente cumprimentou Lavey, tirando sua atenção do garoto. –
Ah sim, um dos nossos mais valorosos alunos.
-
É muita gentileza sua, senhor Lavey... – O jovem olhou para baixo, envergonhado.
-
Bem, então... o senhor queria falar comigo? – Alberich interrompeu novamente.
-
Claro, poderia ir comigo até minha sala? – O
diretor acenou para a porta. Alberich ficou olhando para o diretor,
então deu um tapinha nas costas de Ravnus, e começou a andar junto de
Lavey. Os dois saíram da sala e entraram em um corredor com várias
janelas que davam uma visão privilegiada do sul de Geffen. O sol raiava
com poucas nuvens no céu, e podiam-se ver várias pessoas transitando por
perto da fonte de Geffen. Lavey mantinha os olhos todo o tempo para a
fonte, com as mãos nas costas.
-
Então diretor, do que precisa? – O professor
Dhellor parecia um tanto impaciente. Lavey olhou para os lados e
confirmou que não havia pessoas nos corredores.
-
Certamente que você, como um dos mais hábeis mestres da
magia, conhece a lenda de um artefato chamado “Coração de Ymir”,
não é?
-
De fato conheço. Ela não é mais uma história fictícia,
visto que muitos fragmentos foram encontrados. – Alberich andava
um pouco atrás de Lavey, mas falava sério com ele.
-
Certo. Mas sabendo disso, não é de se perguntar qual
seria o real tamanho desta poderosa pedra, ou sua origem? –
Lavey voltou a olhar para o lado de fora, na fonte de Geffen.
-
Isso ainda é uma questão a ser investigada, diretor.
-
Não seja tão apressado, meu caro Alberich. – O
diretor virou em um corredor mais escuro e adentrou-o. –
Isso é o que os cientistas e estudiosos afirmam, mas
creio que um homem com tamanho conhecimento como você já deve ter ouvido
falar de outras histórias.
O Professor Dhellor se sentiu um tanto desconfortável com aquela
afirmação. Engoliu em seco e seguiu o diretor até uma porta ao fundo do
corredor. Lavey abriu a porta e entrou na sua sala. Um local enorme,
cheio de estantes, quadros e várias estátuas. No meio, em cima de ricas
tapeçarias, estavam a mesa do diretor, a sua grande poltrona e duas
outras cadeiras decoradas logo a frente da mesa. Uma mulher de cabelos
longos e muito compridos ocupava uma das cadeiras, e ela virou-se para
olhar a dupla.
-
Ora, o nosso campeão chegou. – Disse ela com um pouco de arrogância.
-
Boa tarde para você também, Eva. – Alberich
cumprimentou de longe a mulher. Ela levantou-se e mostrou sua grande
estatura, além de sua pele pálida.
-
Eva, como você sabe, é minha assistente e grande ajuda
nos meus trabalhos. – Lavey se dirigiu até o lado dela, ficando
frente à Alberich. –
Mas bem, vamos continuar o assunto
que nos interessa.
-
Não sei aonde o senhor quer chegar, Ephilas. – Alberich retrucou rapidamente.
-
Aposto que sabe. – Eva comentou.
-
Dhellor, não é uma questão de saber ou não onde eu
quero chegar. – Ele ergueu o braço e tirou a luva, revelando um
círculo negro desenhado em sua mão direita, assustando um pouco
Alberich. –
Creio que já deve ter ouvido falar de
Geffenia, claro, e de que há ligações entre o coração de Ymir e aquela
terra...-
Eu sei que o senhor é um Elfo, descendente de lá. Mas ainda não sei o que quer dizer com tudo isso.
-
A questão é bem simples, meu caro Alberich. –
Lavey se escorou na mesa. –
Há anos, acredita-se que a
maior parte do Coração de Ymir está escondida nas profundezas de
Geffenia, mas nem eu, nem outros elfos conseguimos encontrar. E depois
da queda da minha antiga terra, ninguém mais conseguiu entrar lá para
procurar...-
Não está sugerindo que odeia os humanos ou que quer
tentar achar uma entrada para lá né? – Alberich olhou mais sério
para o elfo, que apenas deu um sorriso e fitou-o.
-
Não. Não tenho ódio dos humanos, pois não ligo para as
mentes fechadas que muitos têm. Mas acertou sobre a entrada de Geffenia,
meu caro. – Lavey saiu de perto da mesa e de Eva e foi até a
janela, olhando para o lado de fora. –
Dizem que muito
antes dos humanos perambularem por Midgard, as Nornas estavam procurando
um meio de defender o Coração de Ymir que residia em
Geffenia...Tanto Alberich quanto Eva olhavam atônitos para Lavey, que observava o
lado de fora da janela, olhando para o oeste da cidade. Por fim,
continuou.
-
O coração de Ymir tem um poder tão grandioso quanto os
dos deuses que o destruíram, que dizem que pode até mesmo conceder um
desejo para seu possuidor. Os fragmentos que foram encontrados são
apenas lascas perto do grande pedaço que as Nornas esconderam. E para
manter a salvo, elas criaram um pequeno evento que se concretiza de
tempos em tempos...-
Eu sei dessa história, Lavey! – Alberich
interrompeu. Sabia onde o diretor queria chegar, mas ao lembrar-se de
Ravnus, resolveu cortar o assunto. Lavey se virou e encarou seriamente o
professor.
-
Você viu esta marca. Sabe que as Nornas escolhem
algumas pessoas com capacidades superiores para serem detentoras do
Coração.
-
Mas isso significa que tem que matar seus rivais. – Concluiu Alberich, indignado.
-
O que é pouco, considerando o tanto de lixo que existe
nesse mundo. – Eva comentou arrogante. Lavey voltou até perto
deles e voltou a fitar o professor com mais serenidade.
-
Como poderosos mestres da magia que somos, nosso dever é
obter esse poder e tomarmos conta de Midgard, não concorda?
O professor abaixou a cabeça e suspirou.
-
Você também deve saber que alguns mestres também
despertaram o sinal, inclusive aquela aberração de Juno. – Lavey
comentou.
-
Sim, da para sentir cada um deles despertando. –
Alberich falou baixo, mas Lavey e Eva escutaram muito bem.
-
Então, Alberich, vai se unir a nós?
Vai conosco atrás de uma chance de conseguir realizar o
seu sonho? O nosso sonho? – Lavey enfatizou as palavras,
fazendo com que Alberich estremecesse um pouco. –
Posso
dar um tempo para pensar...-
Eu vou pensar um pouco... – Alberich falou
rapidamente. Levantou a cabeça e vislumbrou o sorriso de escárnio que
Eva dava e a face serena de Lavey.
-
Muito bem. Pode ir professor. – O diretor
apontou para a porta e, cordialmente, Alberich se despediu e partiu.
-
Ele é muito dedicado. Realmente seria um problema ter
ele como inimigo. – Lavey ficou olhando o professor andar pelo
corredor.
-
Você acha que ele vai nos ajudar? – Eva parecia
curiosa. Era tão alta quanto Lavey, apenas alguns centímetros mais
baixa.
-
Vai sim. O que mais movimenta ele é o desejo de rever sua falecida esposa. Ele tentaria tudo por ela...
Prontera...-
Não pode ser! – Tenkisei olhava um tanto abismado para o livro que estava aberto em cima da mesa.
Elizabeth havia encontrado um antigo livro de capa negra, de couro.
Abriu-o e mostrou o seu conteúdo para o casal. As páginas do livro
mostravam figuras de manchas na pele que simbolizavam feitiços de
comando chamados “Beijo das Nornas”. Melody cobria a boca, demonstrando
sua preocupação com o que havia no livro.
-
O combate pelo coração de Ymir... começou...
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